22/06/2025
A pintura tem de perturbante não ser metáfora para coisa nenhuma: concreta, material, engendra e é engendrada por uma prática. Entre o olho (o visível) e a mão (o sensível) move-se nos intervalos do(s) sentido(s), opera por contacto, tacteando, sondando, inventando as coisas no mundo.
Ao visível o que é do visível, às visões o que pertence às visões. O pintor é como um vidente, o cego que vê para lá das aparências e o seu percurso é como a trajectória de um carro numa estrada sem fim à vista, na escuridão da noite: uma viajem sem retorno.
A obra de Victor Costa, usando uma expressão do próprio, nasce do contacto com o visível. Imaginemos, enquanto visitantes, que entramos nesta exposição sem mapa, sem folha de sala, como quem entra num quarto escuro. Esqueçamos o (re)conforto da história da arte, os estilos, as genealogias, a bengala da semelhança. Entre a coerência e a dúvida, escolhamos a segunda.
A exposição lança um olhar retrospectivo, idiossincrático e íntimo sobre uma obra voraz, generosa, rigorosa, desejante da realidade, que se constitui como uma constelação de geometria imperfeita de arcanos múltiplos.
⚫️ Estrada Perdida - Sobre o rasto desenhado pela pintura de Victor Costa
📆 Sábado 28 junho, 17h00
📍 Palácio Vila Flor
🎟 Entrada gratuita, até ao limite da lotação disponível