11/05/2025
👨🏼🍳🍳 –✺ 𝗠𝖺𝗒 𝖨 𝗍𝗮𝗸𝖾 𝘆𝗈𝗎𝗋 𝗈𝗋𝗱𝗲𝗿?
𝐏𝐨𝕤𝕚𝕥𝕒𝕟𝕠, 𝐈𝐓 ✺ 𝐌𝕚𝕝𝕒̃𝕠. 𝐈𝐓 ᴺᵉʷˢ
᛭ 𝖲͟𝗈𝗰𝗶𝗮𝗹 𝗠𝗲ᴅɪ𝗮:
A cozinha exalava um aroma doce e envolvente. A bancada clara estava levemente polvilhada de farinha, e a iluminação suave realçava os detalhes rústicos dos utensílios de madeira, que contrastavam harmoniosamente com o inox polido e as cerâmicas modernas. Agora, era Kimberly quem dividia a cozinha com Julian.
Ela mexia delicadamente a massa dos biscoitos amanteigados, com movimentos calmos e precisos. Ele, ao seu lado, segurava uma tigela menor com açúcar de confeiteiro e observava o processo com genuíno interesse — como se cada gesto dela também carregasse algo sagrado.
J: "Então, Kimberly, mais uma vez, devo te agradecer por ter aceitado o convite para participar desse projeto. Tânia nasceu de uma vontade de homenagear uma das pessoas mais importantes que passaram na minha vida. Foi no seu abraço que descobri o signif**ado de amor, afeto e carinho. E que a comida também pode ser uma forma de amar! Esse projeto leva o seu nome. Da minha mãe.
Existe um feriado no país dela, a sexta-feira Santa, que ela costumava fazer uma das receitas que é a minha favorita, a canjica. Tal receita foi passada de geração a geração, pela minha avó às suas filhas, então todos os anos elas replicavam a mesma receita. Mas aí que está, o da minha mãe sempre foi diferente. Eu não sei bem o que era, talvez era um toque dela ou apenas o jeito que ela preparava. Mas, em toda a minha vida, desde que a perdi, nunca mais comi uma canjica tão boa quanto a dela. Eu pedi pra você escolher um prato que tivesse um signif**ado pra você. Me conta qual você escolheu e o porquê da sua escolha?"
Kimberly sorriu com doçura, enquanto pegava uma pequena porção da massa e moldava com as mãos.
K: "Receber o seu convite para participar de um projeto tão delicado, íntimo e cheio de afeto foi uma honra que acolhi com o coração aberto. Tânia já nasceu tocando a alma — e, confesso, poucas vezes me emocionei tanto com uma iniciativa. A forma como você descreve o amor da sua mãe através da canjica é simplesmente comovente. Porque há algo de profundamente mágico na maneira como certas receitas carregam não apenas sabor, mas também história, cheiro de colo e memórias que sobrevivem ao tempo.
Quando me pediu para escolher um prato, minha mente foi imediatamente ao aroma de biscoitos amanteigados que invadia a cozinha da minha infância. Minha mãe — uma mulher de beleza serena e mãos delicadas, mas firmes — fazia questão de nos reunir todos os domingos para preparar uma variedade deles: de baunilha com lavanda, chocolate com flor de sal, pistache com limão siciliano, e os tradicionais sablés franceses.
O mais encantador é que, na época, não se tratava de técnica, mas de presença. Era ali, entre forminhas e farinha espalhada, que aprendíamos sobre paciência, sobre escutar uns aos outros, sobre o valor do gesto simples de oferecer algo feito com as próprias mãos.
Hoje, mantenho essa tradição com meus filhos. Mesmo com a vida exigindo tanto de mim, sempre que posso, reservamos um fim de tarde apenas nosso, para fazermos juntos esses biscoitos. Cada um escolhe o seu sabor, damos risada com os formatos tortos e, no fim, há sempre chá, histórias e uma sensação de que o mundo, por algumas horas, desacelera.
Escolhi os biscoitos de domingo, como carinhosamente chamamos, porque eles representam o elo mais doce entre as gerações da minha família. E porque, assim como a canjica da sua mãe, o ingrediente mais precioso que carregam é o amor, aquele que atravessa o tempo, a ausência e permanece em cada mordida."
J: "Caramba, Kimberly, que tradição bacana. Mal posso imaginar o quanto deve ser divertido pra vocês esse momento, além de que, acredito, que cada encontro é diferente e único à sua maneira.
Eu acompanho você nas redes, e você sempre faz questão de mostrar o seu tempo em família e o quanto é bastante próxima de seus filhos. Uma verdadeira mãe coruja.
Uma pergunta pra te fazer pensar: pensando em características e/ou emoções… tem algum tempero que te define como mãe?"
Ela parou por um instante, como quem saboreia a pergunta antes de responder. Um leve riso escapou de seus lábios.
K: "Ah, que pergunta encantadora e profundamente simbólica.
Se eu tivesse que escolher um tempero pra me definir como mãe, eu escolheria a baunilha. Não por sua doçura imediata, mas por sua profundidade sutil, seu calor reconfortante e sua capacidade de transformar qualquer receita em algo memorável, mesmo nas entrelinhas.
A baunilha tem esse poder de marcar presença sem se impor, de envolver sem dominar. E acredito que ser mãe, pra mim, sempre foi isso: estar, sentir, acolher… mas também saber recuar quando necessário, permitindo que cada um dos meus filhos encontrasse seu próprio aroma no mundo.
Ela também me lembra das tardes que passávamos na cozinha com minha mãe — o cheiro de biscoitos amanteigados saindo do forno, o riso leve, as mãos pequeninas ajudando a decorar com glacê e confeitos. Hoje, replico esses momentos com os meus filhos, e há algo de quase mágico nessa continuidade. São tradições que atravessam gerações, costuradas com baunilha, afeto e memórias.
Se há algo que tento deixar neles, além de valores, é a certeza de que o amor mora nos detalhes. E talvez, como a baunilha, eu esteja sempre ali… mesmo quando pareço discreta. Presente no fundo da massa, sustentando o sabor.
Obrigada pela pergunta, me fez sorrir com o coração."
J: "Eu que te agradeço, a sua resposta foi incrível. Tão bem pensada, em cada detalhe.
A cereja do bolo, pense bem, viu? Um momento simples em família que virou um verdadeiro tesouro."
Ela parou de moldar os biscoitos por um momento, os olhos voltando-se para uma lembrança distante.
K: "Je me souviens… — porque há lembranças que não apenas vivem na memória, mas se instalam na pele, no paladar, no tempo suspenso entre um olhar e outro.
Lorenzo tinha oito anos, Isis, sete. Era nossa primeira visita à Escócia, e o destino era o encantador Glenapp Castle. Naquela época, ainda não era nosso lar — mas já morava nos nossos sonhos. Havia algo naquele castelo de pedras antigas e jardins perfumados que nos fazia sentir parte de uma história maior, como se cada passo ecoasse segredos guardados há séculos.
Na primeira noite, o céu estava coberto de nuvens baixas, e a brisa trazia consigo o aroma da madeira queimada nas lareiras e das flores molhadas do jardim. Jantamos em um salão forrado de tapeçarias, com candelabros dourados pendendo do teto e a sensação de estar vivendo dentro de uma lenda.
Foi ali que meus filhos provaram pela primeira vez o tradicional Cullen Skink — uma sopa densa de haddock defumado, batatas macias e creme suave. Lorenzo observava tudo com a curiosidade de quem está absorvendo um mundo novo. Isis, com as mãos delicadas apoiadas na mesa, sorriu antes mesmo da primeira colherada.
E então veio o comentário que guardei no coração:
“Parece que a sopa tem segredos, maman.”
“Segredos bons?”, perguntei.
Ela assentiu. “Segredos que aquecem.”
Desde então, o Cullen Skink se tornou um símbolo na nossa família. Não só por seu sabor, mas porque marcou o instante em que entendemos que Glenapp já era, de alguma forma, nosso refúgio.
Hoje, moramos ali. E em tardes frias, quando os corredores do castelo nos envolvem como um manto antigo, é esse prato que preparo. E quando servimos, não é só a comida que reconforta — é a memória daquele primeiro encanto."
J: "Kimberly, te agradeço muito por ter partilhado um pouco da sua história e da sua família. Isso me faz ter muita admiração por você. Que Deus abençoe sua família!"
K: "Amém, muito obrigada… e o mesmo pra sua!"
E enquanto os biscoitos eram colocados cuidadosamente em uma assadeira, a cozinha, mais uma vez, se tornava um altar silencioso de lembranças, afeto e legado.
𝗘𝘀𝘁𝗮𝗺𝗼𝘀 𝘁𝗮𝗺𝗯𝗲́𝗺 𝗲𝗺:
Milão, Positano, Paris, Lisboa, Londres, Amsterdã, Tokyo, Dublin, Istambul, Dubai, Los Angeles, Miami, Manhattan, Buenos Aires, Mumbai, Madrid, Las Vegas, Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo, Sydney e Bahia.
✺ Deleite-se com uma experiência única no Président Ristorante!
/