14/07/2025
Parece que James Gunn é um dos poucos diretores que sabe como fazer um bom blockbuster de super herói. Depois de uma série de bombas no subgênero dos super heróis, “Superman” surge como um respiro neste tropo que já vem saturado.
Gunn apostou fórmula clássica para desenhar a trama: tem um herói de coração bom, querendo tanto fazer o bem, que acaba sendo ingênuo e tomando decisões arriscadas e temos um vilão bem maquiavélico e megalomaníaco, guiado por sentimentos mesquinhos, como a inveja.
A dupla David Corenswet e Nicholas Hoult dão ótimos Superman e Lex Luthor, com o carisma de Corenswet sustentando bem o legado do herói mais importante da DC e o talento versátil de Hoult trazendo o Luthor clássico para as telonas.
Gunn atualiza os pilares do personagem — como o jornalismo, agora motor ético da trama — e recusa atalhos fáceis. A verdade, aqui, demanda tempo, cuidado e escuta. Clark é apresentado como um ser dividido: alienígena órfão, herói messiânico, e homem comum que toma café da manhã à noite. É nesses detalhes banais que reside a força do filme.
O diretor também é bem enxuto na maneira de acrescentar os personagens secundários na trama. Ele não aprofunda, os torna funcionais em seus arquétipos. E o que não é relevante para a trama central, ele deixa de lado e assume que faz isso.
Diferente de seus trabalhos anteriores, Gunn inverte sua fórmula: o drama é o alicerce, e o humor, um respiro dos núcleos secundários. Ainda assim, os temas que o diretor repete — pertencimento, trauma, afeto como cura — ganham aqui nova perspectiva: como humanizar quem nasceu para ser um deus?
“Superman (2025)” não grita por relevância, mas é urgente. Não por sua ação, mas por sua sensibilidade. Em tempos em que todos precisam parecer sobre-humanos, ele nos lembra, com firmeza e doçura, que ainda vale a pena ser apenas humano. E nessa simplicidade que dá uma surra em roteiros com pretensão de serem messiânicos, mas ocos em sua execução.
Deu pra entender, Marvel??
NOTA: 4,5/5