24/06/2025
SURPREENDA-SE: HIP-HOP LUSÓFONO E BRASILEIRO NÃO SÃO A MESMA COISA! ENTENDA A DIVISÃO QUE A LÍNGUA ESCONDE
Apesar de falarem (quase) a mesma língua, o hip-hop lusófono e o brasileiro seguem em trilhos completamente diferentes. A ideia de que "todos são um só movimento" cai por terra quando se analisa a fundo as origens, referências e comportamentos de cada liga.
Angola, Moçambique, Cabo Verde e Portugal formam o que muitos chamam de verdadeiro "Hip-Hop Luso" um circuito com ligações históricas. Artistas como Kelson Most Wanted, Xuxu Bower, Tio Edson, Hernâni, Sleam Ni**er, Plutónio, Wet Bed Gang e outros movimentam essa liga, marcada por raízes no quotidiano das ruas, realidades sociais profundas e um espírito de união entre países africanos e Portugal.
Já o Brasil, com toda sua dimensão e identidade própria, há muito tempo se desligou da matriz cultural portuguesa. Desenvolveu seu próprio dicionário, sonoridade, visão artística e indústria musical. Artistas como Matuê, Racionais MC’s, Djonga e Orochi operam numa liga nacional bué grande, com uma estrutura fortemente influenciada pelos EUA e voltada para o próprio mercado.
Apesar de falarem português, as referências culturais são diferentes, os sotaques são outros, os temas têm abordagens distintas e a conexão entre os dois mundos ainda é tímida. Muitos artistas brasileiros, inclusive, não se consideram parte do "hip-hop lusófono" nem dialogam com esse mambo.
Portugal surge como a ponte entre os dois universos, mas o intercâmbio real ainda é recente e esporádico, vem surgindo participações de Fábio Hustle, Plutónio e outros com artistas Brazucas.
A verdade é que existe sim um "hip-hop lusófono" mas o Brasil, com seu peso e independência cultural, criou uma liga à parte dentro do universo da língua portuguesa. E está tudo bem assim. Cada um constrói seu caminho. Mas agora já sabes: não é tudo a mesma coisa.